FODA-SE

A porta está aberta, cabe a mim entrar.
Mas será que estou pronta? Afinal não tem volta. Odeio isso, não poder ter volta... Se pudessemos assistir todas as oportunidades e escolher a melhor. Mas não é o que acontece.
Observo atenta, a porta mostra um caminho fácil mas que exige de mim fazer escolhas, optar por prazeres imediatos ou não. Eu quero ter prazer agora ou depois?
O pior é que não sei, o pior é que eu quero tudo!
Novamente a menina mimada, novamente a criança que tem tudo, aquela de vida fácil! Preciso tomar minhas próprias decisões sem que os outros sofram as consequências. Minhas merdas, minhas consequências!
Como é que eu vou crescer tendo tudo? Como eu vou crescer sendo tudo tão fácil, tudo tão simples, tão ridículo. Eu quero mais, quero ser melhor.
Não quero ser mais uma menina mimada, quero ser uma mulher, uma mulher que arca com sigo mesmo, uma mulher que passa fome se não cozinhar, passa frio se não se esquentar e morre se não batalhar! Eu quero ser assim, eu quero ser responsável. Mas não estou dando conta, não consigo dar conta do que eu própria demando a mim mesma.
Para piorar tenho todos aqueles em minha volta me cobrando do que eles acham importante para mim. Papai quer a menina mais inteligente, mamãe a mais bonita, irmãozinho a mais brincalhona, amigos a mais presente...
Ai eu olho tudo isso, olho para todos e sabe o que quero gritar, sabe o que quero dizer? FODA-SE!

Mas sou muito responsável para isso.