O sol esquentava seu corpo do vento gelado da tarde. Concentrava-se apenas em ler, apenas em saber o que queria dizer aquelas inumeras palavras, tentava captar ao máximo cada virgula, cada sentimento, casa personagem.
Levanta o rosto levemente, abre a bolsa pega um cigarro e o acende, da a primeira tragada e sente um leve alivio no coração apertado, se concentra novamente a leitura.
Se fascina com a série de acontecimentos perfeitos do livro, tudo préviamente pensado mas nem assim perdendo seu ar misterioso. Cada página uma nova descoberta, uma nova angustia, um novo alivio. Tudo muito torturador, aquela leitura lhe absorve, tira dela tudo o que sentia, o alivio de não precisar pensar em seus próprios problemas é imenso, naquele momento ela não é ela, ela é outra pessoa, com outros problemas... Piores talvez mas menos dolorozos por não serem seus.
Lágrimas lhe escorrem pelo olhos, o cigarro vai a sua boca com um certo desespero, como se aquela tragada fosse lhe aliviar todas as dores. E aquele pseudo alivio vai acabando, vai terminando. E ela para de chorar, sabe agora que não é aquilo que fará ela melhorar.
2 de jun. de 2009
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Um cunhado cujas palavras muito prezo certa vez compartilhou a seguinte percepção:
ResponderExcluir"Aqueles que acendem um cigarro muitas vezes o fazem porque estão sós, e o cigarro é a melhor companhia que eles têm."
Assim como qualquer outra tentativa de amenizar um problema através de coisas inúteis, drogas, alcoól, relacionamentos com outra pessoa na qual você se relaciona apenas consigo mesmo.
E finge que se relaciona com o mundo.
A leitura e o cigarro são fugas diferentes, mas são fugas. O modo que você retratou ambas foi muito bonito, eu adorei. Joinha para você.